segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Cuidando das árvores



A "Praça das Aroeiras", como sugerimos, há muito vem sendo cuidada e "arquitetada". No início de seus tempos abrigava apenas vegetação rasteira, capins com até 0,5 metro de altura. Porém após muito tempo de trabalho árduo da iniciativa privada, o local evoluiu. Atualmente, a praça possui um banco para uma boa conversa curtindo o pôr-do-sol ao pé da serra, abriga um trajeto em seu perímetro para caminhada e uma seqüência de árvores, dando origem a um "túnel verde", sempre em fase de extensão.

Sucessivas tentativas de plantio foram feitas, em diferentes épocas do ano, durante um longo período, sem a obtenção de resultados expressivos. As mudas, normalmente de aroeira-vermelha (Schinus terebinthifolius) e outras nativas como pitanga (Eugenia uniflora) e araçá (Psidium cattleyanum), perdiam as folhas e não 'vingavam'. Logo se percebeu que o vento, assim como a incapacidade do solo de reter umidade e nutrientes, era o grande inibidor de avanços para o florestamento da área desprotegida.

A solução, já testada e aprovada com a obtenção de ótimos resultados, foi o plantio de espécies exóticas como a casuarina (Casuarina equisetifolia) e a acácia-da-praia (Acacia blakei), de fácil adaptação ao solo pobre e ao forte vento, criando assim uma proteção, possibilitando o desenvolvimento das árvores nativas menos resistentes. Com esta barreira contra o vento, aliada à uma intensiva adubação e constante rega, as árvores hoje encontram-se em estágio avançado de crescimento, atraindo aves, répteis e uma infinidade de outros animais nativos, dando origem a uma bonita e extensa, além de utilizável, área verde.

Além de pitangueiras, araçazeiros e aroeiras, a praça comporta espécies como corticeira-do-banhado (Erythrina crista-galli), sarandi-amarelo (Terminalia australis), maricá (Mimosa bimucronata), etc. Durante o longo período de avanços significativos, manutenção tem sido dada, novas mudas têm sido freqüentemente plantadas e assim continuará sendo, prezando tanto a proteção à fauna e à flora, como o bem-estar social de seus usuários. Tudo o que consiste a "Praça das Aroeiras" demandou esforços da iniciativa privada.


Recentemente foi anunciado o provável investimento do poder público no local, com projeto de construção de quadras poliesportivas e reflorestamento, o suficiente para nos deixar em alerta. Conhecendo muito bem os motivos de realização destas obras, assim como os procedimentos utilizados nas mesmas, nos sentimos com direito não só de conhecer o projeto, como também opinar sobre mesmo. Não somos contra este tipo de investimento e não nos consideramos donos da área, porém devido ao grande esforço para tornar a mesma bem aproveitada e utilizável por todos moradores e residentes das proximidades, acreditamos que nossa contribuição tenha sido, além de única, muito valiosa para desprezada.

As árvores nativas dificilmente serão removidas, pela sua grande proteção através de legislações estaudal e federal. Estamos receosos apenas com a possível derrubada das espécies exóticas, como as casuarinas e acácias-da-praia, que têm somente nos beneficiado, permitindo tanto o desenvolvimento de micro-ecossistemas ricos em biodiversidade, quanto o desenvolvimento dos próprios exemplares de árvores nativas. A preocupação se fortaleceu com a inaguração de outra praça nas proximidades da "Praça das Aroeiras", onde sua arborização foi totalmente reconstituída não sendo considerado o grande valor das espécies já existentes no local.



Portanto, para que não tenha sido em vão o trabalho de mais de uma década, solicitamos o direito de saber o que está sendo desenvolvido e projetado para a "Praça das Aroeiras". Uma das únicas exigências é a não remoção de qualquer espécime arbórea da área, em consideração não somente a nós usuários, mas também à fauna que permanentemente a utiliza como fonte de alimento e moradia.

7 comentários:

Rita Queiroz disse...

Opa!

Concordo conigo Igor, o nosso trabalho foi grande nos ultimos anos para que existisse uma praça ali. Muitas vezes tivemos que brigar com carroceiros ou mesmo donos de caminhões que fazem frete e largam o lixo por ali.

As arvores que plantamos são nativas, mas o tempo nos mostrou que elas só conseguem se desenvolver e crescer com a ajuda de casuarinas e acácias da praia.

A acacia da praia é uma arvore muito interessante, de origem australiana ela é muito comum no litoral oeste da australia e um tempo atras foi trazida pelas uruguais para ser usada na contenção das dunas. Em Punta de Leste as acácias da praia aparecem em toda a extensão da praia, preservando as dunas e mantendo a areia longe da rua e casas de veraneio.

Não posso me esquecer tbm das mudas de jacarandá que fui com minha avó buscar em uma obra, salvamos essas mudas e levamos para a praça!

Uma outra amiga soube da iniciativa que tivemos de criar uma praça e nos trouxe mudas de ameixeiras e pitangas.

Então, o que pedimos é que olhem para nossas arvores e vejam elas num futuro proximo, hoje elas já são lar de muitas aves e fazem sombra no verão para quem quiser aproveitar!

Unknown disse...

Poxa, que revoltante tudo isso! Eu doei mudas de ameixeiras e não quero que tirem elas de lá!!!!

Realmente, espero que respeitem as árvores e que a praça das aroeiras não fique como aquela outra de xangrila na paraguassu que mais tem cimento do que árvores. Muito mau gosto, credo.

Beti Copetti disse...

Esta é mesmo uma grande preocupação nossa. O secretário do Planejamento , Beto,nos convidou para conversar com o arquiteto que faz o projeto da praça, na prefeitura. Como é um terreno grande, e não temos condições de cuidar de todo ele, tenho esperança de que o trecho por nós cuidado seja mantido. Mas ainda assim, estou preocupada!!!

Anônimo disse...

Conheço o local...e também as reformas que eles costumam fazer nas praças pela praia.

O ideal seria eles deixarem aquele canto como já está e gastar os esforços e as verbas deles no resto da praça, que é enorme.

Genere Moda Contemporânea disse...

Tenho casa nesta praia há quinze anos. Acompanhei de perto o plantio de cada árvore, tanto nos nossos espaços privativos, como o esforços feito pela Bete e amigos para que possamos ter mais verde neste espaço, que era quase um deserto com capim quase seco.
A dificuldade no plantio, no cuidado e o tempo para fazer cada planta crescer... A expectativa em cada retorno nos finais de semana para acompanhar cada broto novo, cada flor, cada mudinha nova.. Todo esforço tem que ser preservado.. Uma praça se faz com vida, com verde.. Uma praça não é feita só de calçadas, elas devem servir somente para facilitar o trânsito entre plantas, que é o que transforma os ambientes... E, mais do que tudo.. Uma comunidade se faz com história.. de como tudo começou.. Esta praia tem seus pioneiros, de quem conta como era quando de nossas casas se via a Estrada do Mar e o Mar.. se hoje não temos mais esta vista.. Tenhamos as árvores, que, felizmente, foi um fruto de um trabalho de gente que não abre mão da qualidade de vida.. E, para mim, qualidade de vida é verde.. com coloridos das flores da estação...

Iria Cabrera

Elissa disse...

Acho que é mais que justo exigir que as árvores sejam preservadas. Afinal, a praça será construída para a comunidade... E a comunidade que tem cuidado desse lugar e transformado em um lugar agradável pra sentar e assistir o pôr do sol, tomando um chimarrão. Tenho casa alí pertinho também... E lembro de ver a "evolução" do projeto de praça.. que a cada ano ficava mais bonito.
Não vejo porque retirar as árvores...

Anônimo disse...

O que é uma praça? Certamente existem muitas interpretações. Mas objetivamente, uma praça é um espaço demarcado entre os terrenos loteados, para que se torne uma área pública que valoriza os terrenos à sua volta. O que existe em cima desse espaço demarcado para lazer, deve depender da vontade das pessoas que efetivamente farão uso do espaço.

Naturalmente que toda a praça precisa de infra estrutura, mas de nada adianta uma praça bem estruturada que quando recebe o sol e o vento característicos do nosso litoral, se assemelhe mais a um deserto do que uma área de lazer.

Toda a obra INTELIGENTE de infra estrutura leva em conta aquilo que já existe no local. Essa á uma atitude de respeito ao meio ambiente e às pessoas que já deram de si para que o local seja hoje uma área arborizada e não um grande depósito de caliça.

No final das contas o resultado será uma área mais valorizada, com um charme especial e características únicas. Além de um maior respeito dos moradores da área, que com toda a certeza sentir-se-ão reconhecidos pela prefeitura.

Por outro lado, se tudo o que fizeram for terraplenado para dar origem à mais uma praça árida, comum e impossível de se utilizar em função do sol e do vento, será uma grande perda para todos, inclusive para a imagem da prefeitura junto aos moradores da área.

Vicente