sábado, 12 de janeiro de 2008

O que você faz com seu lixo?

O quadro é o seguinte:

O senhor veranista passa dez meses do ano sem aparecer na praia. Então, quando chega pra aproveitar o verão, encontra sua casa quase soterrada por capim, areia, sujeira, galhos quebrados e tudo o que seu desleixo deixou acontecer à sua casa e mais o que o vento ou outros semelhantes jogaram por lá.

O que faz ele, então?Armado com todos os aparatos para limpeza da sua selva particular - ou simplesmente contratando um "especialista", desmata, corta, arranca, recolhe, limpa todo seu lixo e faz uma montanha em frente à porta da garagem. Mas ele está de férias, os amigos vêm visitar, e ele tem que mostrar prosperidade, e não uma pilha de lixo trancando a entrada da casa.

Você que lê isto aqui, uma pessoa civilizada e consciente, faria o que? Ligaria pra Fepam, Prefeitura, Brigada Ambiental, Ibama, WWF, Greenpeace? Ou para uma empresa que aluga container e depois de algum tempo previamente combinado e por valor idem, recolhesse a caçamba com todos os resíduos da limpeza no seu jardim, na sua casa ou na sua obra? Esta última tem sido a opção de muitas pessoas. Outras, com menos dinheiro, mas ainda assim interessadas em limpar seu pedaço, poderiam procurar terrenos com plaquinhas de "aceita-se aterro" e despejado lá o que não mais se interessam em ter por perto.

Este último tipo, até credito que possa existir, mas são raros!

Pois ilustres veranistas e Xangri-Lá encontraram o que, para eles, é a solução barata, e definitiva - até o próximo verão! Aceitar os préstimos de algum carroceiro que se propõe, por algum dinheirinho, a livrá-lo de toda a inconveniência. E eles perguntam para onde o carroceiro vai levar o lixo? E, caso perguntem, acreditam que será levado para um aterro permitido? Sim? Devem ser os mesmos que viram o papai Noel descer pela chaminé há menos de um mês atrás e deixar lindos presentes sob o pinheirinho. E estão esperando, daqui dois meses, encontrar o coelhinho da Páscoa.

Vamos falar sério! Não querem nem saber o que vai ser feito do que conseguiram se livrar! E talvez até combinem com seu "especialista em logística" para ir retirar os restos de verão, pouco antes de irem embora .

E agora, quem é mais relaxado? O ilustre veranista ou o carroceiro, sem educação, tosco, que vai deixando o lixo por onde passa, e encontra numa praça, num terreno baldio ou até numa rua com pouco movimento o local ideal para inaugurar o mais novo aterro da cidade? Na verdade, o lixo não vêm da casa do carroceiro e, certamente, não vai para a casa dele. Então, ele vai se preocupar com isto?

Ele vai é se desfazer o mais rápido possível da carga, pra poder encontrar mais um carreto pra fazer. E decide que aqui, ao lado da minha casa, atrás das árvores que plantamos para ter sombra, passarinhos, um ambiente bom pra quem mora ou quem passa por aqui, é um excelente lugar.



Pois uma criatura assim despejou todo tipo de lixo aqui, na sexta feira. Sofá velho, pneu, restos de obra, restos de poda, restos de faxina doméstica, restos. Como coube tanta coisa numa só carroça? E ele ainda queria me convencer de que era "lixo limpo, dona. É só queimar tudo isto aqui, que fica beleza".

E daí? Fico batendo-boca com o "garbage-deliverer", chamo a Brigada Ambiental ("Obrigada por ligar, mas temos só uma viatura para todo Litoral Norte e está no momento atendendo outra ocorrência"), a Brigada Militar ("Aqui que chamaram para uma ocorrência sobre um carroceiro?", pergunta o educado brigadiano meia hora depois da montanha de lixo fazer parte da paisagem e o autor da mudança do relevo ter sumido no mundo) ou rezo para meu Anjo da Guarda fazer companhia para a Brisa e a Luna e me protegerem se o carroceiro cumprir as ameaças que fez, e voltar aqui?

3 comentários:

Flora Maria disse...

Oi Beti: não posso deixar de comentar sua epopéia preservacionista, pois apesar de morar tão distante, convivo com os mesmos problemas. Tambem sou aquela "dona"chata, que vive reclamando quando vê alguem cortando uma árvore ou sujando o ambiente. Tambem tenho a mesma inquietação quando vejo a prefeitura se preparando para fazer alguma obra em praças ou lugares "cheios de mato".
Fiquei muito feliz em conhecer seu trabalho com a Praça das Aroeiras, e me encantei com seu trabalho artesanal.
Boa sorte com sua praça, e não desista nunca.
Um abraço
Flora da Serra
www.floradaserra.blogspot.com

Marcelino Teles disse...

É bom descobrir assim gente que se preocupa de verdade com o ambiente. Aqui em Portugal se passa a mesma coisa.

Beti Copetti disse...

Obrigada pelo apoio!!!